Sueco evoluindo com a sociedade
Conheça algumas curiosidades do idioma, fatores culturais e históricos que influenciam na tradução para o sueco.
Por Eliseanne Nooper
O sueco é uma língua antiga, mas em constante evolução. Ainda conserva a referência à escrita rúnica, marcada pela presença das letras å, ä e ö, todas derivadas da linguagem nórdica comum (urnordiska), a partir da qual o sueco foi originado por volta de 800 dC. Esta separação coincide com o início da "era dos vikings" e originou também o dinamarquês e o norueguês, estruturalmente semelhantes, mas separados do sueco por alguns detalhes.
Com a influência de outras culturas (trazida pelos próprios vikings após suas explorações) a escrita rúnica foi substituída pela latina em toda a Escandinávia. Mas as mudanças não pararam aí. Com o tempo, o sueco recebeu influências contínuas de outras línguas: latim e grego foram incorporados com a chegada do cristianismo, o alemão na Idade Média e o francês no início do século XVIII. Por outro lado, o sueco também deixou suas contribuições para as outras línguas. Talvez a mais conhecida seja o termo "ombudsman".
Existem diversos dialetos na Suécia. O idioma "oficial", conhecido como riksspråket, foi estabelecido a partir da variante falada na região de Estocolmo e arredores. Os dialetos falados no sul e no norte do país são muito diferentes, chegando em alguns casos a ser incompreensíveis para suecos de outras partes. No sul do país, na região conhecida como Scania, o uso pronunciado dos ditongos produz uma musicalidade típica, muito diferente do sueco oficial, que já foi comparada ao francês. Na década de 1890, o então rei da Suécia era casado com uma francesa. Conta-se que, em uma visita do casal real à Scania, enquanto fazendeiros locais protestavam gritando, com sua pronúncia típica, "Vi vill ha regn!" (Queremos chuva) e "Vi vill ha råg!" (Queremos centeio), a rainha ficou envaidecida com a calorosa recepção, supondo que gritassem "Vive la reine" e "Vive le roi"
O idioma tem se tornado cada vez mais informal. No início da década de 1970, refletindo a maior igualdade social na Suécia, foi implantada a du-reform: as pessoas passaram a se tratar simplesmente por "você", independentemente de cargo, idade ou posição social. As exceções são, claro, a família real e algumas situações no comércio, onde possíveis clientes são tratados por um pronome de cortesia.
O sueco é falado por aproximadamente nove milhões de pessoas na Suécia, mais 290.000 na Finlândia, onde é a segunda língua oficial. Além disso, devido à grande emigração ocorrida no século XIX, principalmente para os Estados Unidos e Austrália, estima-se que mais algumas centenas de milhares de pessoas falem o sueco em outros países. Apesar de um alcance relativamente restrito, o sueco é ensinado como língua estrangeira em mais de 200 universidades em 42 países, totalizando cerca de 50.000 estudantes do idioma. Sem contar os cursos não universitários fornecidos em outras instituições de ensino e organizações profissionais.
Grande parte do interesse pelo idioma provavelmente é resultado da enorme produção cultural sueca. A música, o cinema, o teatro e a literatura da Suécia sempre tiveram seu espaço. Muitos estudantes jovens são atraídos pelo hard rock, segundo dados do Svenska Institutet. No cinema, provavelmente Ingmar Bergman ainda é o mais lembrado, embora, nos últimos anos, muitas produções suecas tenham sido aclamadas, como o filme Så som i Himlen (no Brasil, "A Vida no Paraíso"), indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2005. O teatro e a literatura também são lembrados constantemente, com dramaturgos como August Strindberg (O Quarto Vermelho) e autores como Selma Lagerlöf (Jerusalém), Astrid Lindgren (criadora de Pippi Långstrump, conhecida como "Pippi Meialonga" no Brasil), Henning Mankell e recentemente a "Trilogia Millennium" de Stieg Larsson.
Uma curiosidade: Henning Mankell, dramaturgo e autor de livros infantis e policiais, mais conhecido pela criação do inspetor Wallander, fundou o Teatro Avenida em Moçambique, onde passa boa parte do tempo. Fala português fluentemente e costuma ler as traduções de suas obras para verificar sua qualidade. Em uma entrevista na Inglaterra, declarou ter gostado do resultado das obras traduzidas.
O sueco é uma língua antiga, mas em constante evolução. Ainda conserva a referência à escrita rúnica, marcada pela presença das letras å, ä e ö, todas derivadas da linguagem nórdica comum (urnordiska), a partir da qual o sueco foi originado por volta de 800 dC. Esta separação coincide com o início da "era dos vikings" e originou também o dinamarquês e o norueguês, estruturalmente semelhantes, mas separados do sueco por alguns detalhes.
Com a influência de outras culturas (trazida pelos próprios vikings após suas explorações) a escrita rúnica foi substituída pela latina em toda a Escandinávia. Mas as mudanças não pararam aí. Com o tempo, o sueco recebeu influências contínuas de outras línguas: latim e grego foram incorporados com a chegada do cristianismo, o alemão na Idade Média e o francês no início do século XVIII. Por outro lado, o sueco também deixou suas contribuições para as outras línguas. Talvez a mais conhecida seja o termo "ombudsman".
Existem diversos dialetos na Suécia. O idioma "oficial", conhecido como riksspråket, foi estabelecido a partir da variante falada na região de Estocolmo e arredores. Os dialetos falados no sul e no norte do país são muito diferentes, chegando em alguns casos a ser incompreensíveis para suecos de outras partes. No sul do país, na região conhecida como Scania, o uso pronunciado dos ditongos produz uma musicalidade típica, muito diferente do sueco oficial, que já foi comparada ao francês. Na década de 1890, o então rei da Suécia era casado com uma francesa. Conta-se que, em uma visita do casal real à Scania, enquanto fazendeiros locais protestavam gritando, com sua pronúncia típica, "Vi vill ha regn!" (Queremos chuva) e "Vi vill ha råg!" (Queremos centeio), a rainha ficou envaidecida com a calorosa recepção, supondo que gritassem "Vive la reine" e "Vive le roi"
O idioma tem se tornado cada vez mais informal. No início da década de 1970, refletindo a maior igualdade social na Suécia, foi implantada a du-reform: as pessoas passaram a se tratar simplesmente por "você", independentemente de cargo, idade ou posição social. As exceções são, claro, a família real e algumas situações no comércio, onde possíveis clientes são tratados por um pronome de cortesia.
O sueco é falado por aproximadamente nove milhões de pessoas na Suécia, mais 290.000 na Finlândia, onde é a segunda língua oficial. Além disso, devido à grande emigração ocorrida no século XIX, principalmente para os Estados Unidos e Austrália, estima-se que mais algumas centenas de milhares de pessoas falem o sueco em outros países. Apesar de um alcance relativamente restrito, o sueco é ensinado como língua estrangeira em mais de 200 universidades em 42 países, totalizando cerca de 50.000 estudantes do idioma. Sem contar os cursos não universitários fornecidos em outras instituições de ensino e organizações profissionais.
Grande parte do interesse pelo idioma provavelmente é resultado da enorme produção cultural sueca. A música, o cinema, o teatro e a literatura da Suécia sempre tiveram seu espaço. Muitos estudantes jovens são atraídos pelo hard rock, segundo dados do Svenska Institutet. No cinema, provavelmente Ingmar Bergman ainda é o mais lembrado, embora, nos últimos anos, muitas produções suecas tenham sido aclamadas, como o filme Så som i Himlen (no Brasil, "A Vida no Paraíso"), indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2005. O teatro e a literatura também são lembrados constantemente, com dramaturgos como August Strindberg (O Quarto Vermelho) e autores como Selma Lagerlöf (Jerusalém), Astrid Lindgren (criadora de Pippi Långstrump, conhecida como "Pippi Meialonga" no Brasil), Henning Mankell e recentemente a "Trilogia Millennium" de Stieg Larsson.
Uma curiosidade: Henning Mankell, dramaturgo e autor de livros infantis e policiais, mais conhecido pela criação do inspetor Wallander, fundou o Teatro Avenida em Moçambique, onde passa boa parte do tempo. Fala português fluentemente e costuma ler as traduções de suas obras para verificar sua qualidade. Em uma entrevista na Inglaterra, declarou ter gostado do resultado das obras traduzidas.