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A Tradução Humana na Empresa de tradução

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A Tradução Humana na Empresa de tradução

Desafios insuperáveis para a tradução automática

A empresa de tradução dedica-se à tradução profissional ou seja aquela que só pode ser feita pelo homem, por tratar-se de arte primordial - a da linguagem. Escolhemos um texto da maravilhosa Antroposofia, fundada por Rudolph Steiner, para transmitir um dos mais belos conceitos já vistos sobre o tema. “(...) Mesmo que pareça um paradoxo, o que existe, na realidade é uma única língua; só que não há seres humanos que falem esta única língua (...) Por quê? (...) As nações se distinguem não pelas palavras, mas sim por aquilo que sentem diante dos objetos”, escreveu R. Steiner em uma de suas obras.

A tradução é uma atividade intelectual, profissional e artística.

A tradução é uma atividade que exige do tradutor pleno conhecimento da complexidade da linguagem. Isso porque, além de representar a comunicação entre os povos, a linguagem é também a manifestação cultural de uma nação e a responsável pela expressão da emoção e estado de espírito do autor do texto original.

O conceito da linguagem primordial.

No livro “A origem e o futuro da Palavra”, o alemão, especialista em filologia alemã e russa Günter Kollert, remonta ao conceito da linguagem primordial defendida pelo filósofo e fundador da Antroposofia e da Ciência Espiritual, Rudolf Steiner, considerada basicamente imaginativa onírica e, segundo o qual, seria a raiz comum presente em todas as línguas por transparecer a essência divina da natureza ao redor do homem.

De acordo com a tese do filósofo, essa linguagem primordial possibilitava que a união entre palavra e significado fosse apresentada em um só gesto, ou ainda, numa só ideia. “O que havia era uma correspondência fluída, contínua entre som e conteúdo; dessa relação viva apenas sobrou o espelhamento abstrato das diversidades do mundo da complexidade gramatical e lexical”, explica Kollert.

Seria o antigo provérbio “Traduttore, traditore” um Dèjá Vu da tradução automática?

É por essa razão que o trabalho de transmitir uma ideia ou um pensamento com fidelidade literal é um trabalho hercúleo, cuja amplitude e a dificuldade podem ser referidas a um famoso e muito antigo provérbio italiano que afirma "Traduttore, traditore", que significa "Tradutor, traidor". Assim, muito mais do que técnica, a tradução requer uma sensibilidade sem precedentes, além de profundo respeito pelo outro.

O que pensam os acadêmicos sobre a tradução profissional versus tradução automática?

O tradutor deve acumular conhecimento técnico. “A formação em Tradução, obviamente, é imprescindível, mas a instrumentalização do idioma se consegue na prática”, revela Ana Trevisan, professora do programa de pós-graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “É no dia a dia que se adquire a habilidade de pesquisar e desenvolver um banco de dados que o auxiliará na estruturação da frase, por exemplo”, explica.

Um dicionário reconhecidamente bom, contudo, não é o suficiente para garantir um trabalho de qualidade. Nem um banco de dados repleto de jargões profissionais, de áreas que vão do Direito à Medicina. “O diferencial de um bom tradutor está na sua bagagem cultural”, afirma Ana Trevisan. “O que não significa apenas ter um vasto conhecimento de literatura ou viagens frequentes a países que possuem o idioma com o qual trabalha”.

Segundo Ana Trevisan, quem trabalha com o inglês, por exemplo, precisa saber que há diferenças significativas na maneira de se expressar de um sul africano, um australiano ou um irlandês. E as peculiaridades idiomáticas são ainda mais evidentes quando se trata de diferentes regiões de um país: um norte-americano de Nova York possui uma cultura muito distinta daquela do norte-americano do Texas. “Essas sutilezas só podem ser interpretadas com precisão se houver um mergulho real na cultura do outro”, garante a Professora.

Pode a sensibilidade e o conhecimento do ser humano serem substituídos por um imenso banco de dados?

Um excelente banco de dados e uma ampla bagagem cultural não são nada para o tradutor sem o profundo conhecimento da língua nativa. “É no próprio idioma que o tradutor vai buscar uma infinidade de possibilidades linguísticas”, diz Ana Trevisan. “Diante de um impasse, será no próprio vocabulário que o profissional irá procurar a melhor forma para transcrever uma estrutura verbal, ou uma figura de linguagem. No caso específico do português, temos estruturas gramaticais muito complexas, que favorecem muito esse tipo de trabalho.”

A complexidade do trabalho é exemplificada por Trevisan com uma experiência pessoal, quando convidada para traduzir um livro sobre moda. “O livro era lindo, repleto de figuras e o tema é interessante. Pensei que seria uma tarefa relativamente fácil, mas, apesar do meu tempo de profissão, estava enganada”, confessa. “Além de inúmeras pesquisas em sites, foi necessário adequar termos de uma linguagem que é absurdamente contemporânea. E, embora o espanhol seja, originalmente, muito avesso a estrangeirismos, sobretudo do inglês, expressões foram mantidas porque assim é no mundo fashion.”

É possível para a tradução automática transitar pela imensa variedade de universos culturais?

A importância do tradutor, portanto, vai além do ‘bom dia e boa tarde’, porque ele transita entre universos culturais. A sensibilidade para perceber as variações do idioma, num caso como esse, ou na tradução de um texto antigo, por exemplo, ou mesmo diante de uma tradução simultânea ou consecutiva, é o que diferencia o profissional de uma máquina.

Quando se trata de uma tradução literária, outros aspectos também significam desafios para os tradutores. Retornando a obra de Günter Kollert, o autor afirma que a presença e o futuro da palavra estão na linguagem poética, cuja inspiração está na reminiscência da linguagem primordial. Isso porque “a união viva entre linguagem e imaginação ressurge na poesia e as imagens poéticas reluzem ao redor da palavra poética, em “correspondência” com a esfera sonora”, revela Kollert. Dessa forma, é importante ressaltar a sutileza e sensibilidade necessária ao tradutor ao se deparar com uma obra literária e a complexidade da missão de transpor em seu texto a poesia, a subjetividade e o caráter artístico da obra original.

"De modo espontâneo, a poesia transporta tanto o falante como o ouvinte para uma vivência mítica do ser indiviso da linguagem; ela faz ressurgir o poder primordial de som, sílaba e imagem; ela envolve o ser humano inteiro, seja no ato de falar, seja no de ouvir. Finalmente, a poesia é, para muitos, o único manancial do amor pela palavra, capaz de levá-los à participação ativa no devir da fala.”

Conseguirá a tradução automática interpretar o espírito da linguagem?

É pelo fato da tradução tratar-se de uma atividade intelectual, artística e até mesmo espiritual, portanto, que Günter Kollert afirma que nem tudo o que causará a futura evolução da palavra poderá ser obra exclusiva do homem e muito menos se tornar um processo automatizado. Afinal, a inspiração tem origem divina. Sendo assim, a máquina, além de não conseguir simular a capacidade do homem de “pensar”, jamais terá “inspiração” para atingir a qualidade inigualável da tradução humana. Para garantir que a linguagem evolua, pois, é preciso uma mudança na sociedade – e a vontade de permiti-la acontecer.

Seria a globalização uma ameaça às riquezas culturais contidas na diversidade de idiomas?

É preciso muito cuidado. Para esse pastor filologista, é fundamental que não se poupe esforços para transmitir às crianças a riqueza de um vernáculo não truncado pela mídia ou por uma indústria de literatura infanto-juvenil que confunde adequação pedagógica com o primitivismo literário e a palavra viva com a gíria. Quem sabe, assim, um dia, a confusão atual da Torre de Babel se transforme numa poesia de sons e significados únicos e, como diria Goethe, de beleza indivisível.