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Serviço de Tradução do Húngaro

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Húngaro: idioma que impõe respeito

No prefácio de seu livro “Budapeste”, Chico Buarque escreve que “húngaro é a única língua do mundo que, segundo as más línguas, até o diabo respeita”. Falado por aproximadamente 14 milhões de pessoas espalhadas pela Hungria, Áustria, Eslováquia, Romênia, Sérvia e Ucrânia, além de algumas comunidades nos Estados Unidos, Europa Ocidental, Canadá e Brasil, o idioma possui caráter aglutinante e uma sonoridade forte.

Por Juliana Tavares

Segundo o compositor e escritor brasileiro, o húngaro possui “a tônica sempre na primeira sílaba, mais ou menos como um francês de trás para diante” – o que representa um desafio para quem está acostumado com a latinidade do português.
Da família das línguas urálicas, originárias dos Montes Urais, o húngaro é a mais amplamente falada. Sem gênero gramatical, o idioma tem uma declinação com vinte e dois casos, possui várias formas de conjugação verbal em função tanto do sujeito quanto do objeto, e a flexão verbal, quanto ao aspecto da ação, é feita por meio de prefixos. Atualmente, utiliza o alfabeto romano com sinais diacríticos, exceto as letras q, w, x e y, totalizando 14 vogais e 27 consoantes. Mas, até o início da Idade Média, utilizou um alfabeto denominado runa húngara.

Os textos mais antigos em húngaro procedem do final do século XII (Halotti Beszéd - "Oração fúnebre"), onde aparece o nome ‘magyar’ pela primeira vez para designar os falantes da língua. O termo aparece também em fontes muçulmanas e bizantinas como designação tribal nos séculos IX e X. Os primeiros livros impressos em húngaro, contudo, foram editados na Cracóvia e em Viena, por volta de 1536.

Essas características, aliadas à quantidade de dialetos (ocidental, setentrional, meridional, loriental e norte-oriental), exigem cuidados na tradução de documentos do húngaro para qualquer idioma. No livro “Como aprendi o português, e outras aventuras”, o autor húngaro Paulo Rónai comenta as dificuldades de seu idioma. “Levei muitos anos até perceber as complicações de seu mecanismo. À medida que aprendia outras línguas é que me espantava com a minha”, confessa.

O húngaro, como o russo, pouco se preocupa com a correlação dos tempos de um período. Segundo o autor, o idioma “não sente a diferença entre escrevi, escrevia, tenho escrito, escrevera.”. Ao contrário, segundo ele, o idioma está mais preocupado em saber as circunstâncias em que a ação foi realizada. “Se a pessoa escreveu sob ditado ou copiando, se em folha solta ou em um livro, com ou sem intuito de guardar a anotação, se encheu a folha ou não, se o que escreveu era substancial ou acessório, se o tirou de uma ou de várias fontes…” Portanto, a tradução, especialmente a tradução técnica para o húngaro sem o conhecimento de suas peculiaridades pode colocar em risco a compreensão do texto.