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Acordo ortográfico não é suficiente para por fim a antiga discussão, mas já ajuda bastante nos serviços de tradução

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Acordo ortográfico não é suficiente para por fim a antiga discussão, mas já ajuda bastante nos serviços de tradução

Qualquer idioma está sempre em constante modificação. A língua é viva e dinâmica por diversos aspectos, entre eles, as influências e diversidades culturais. Para exemplificar esse fato, no Brasil, logo após ter sido colonizado por Portugal, o português falado em nossas terras passou rapidamente a formar sua própria identidade. Em 1911, Portugal oficializou uma grafia, mas não houve consenso com a Academia Brasileira de Letras; a distância entre a duas versões aumentava ainda mais.

Qualquer idioma está sempre em constante modificação. A língua é viva e dinâmica por diversos aspectos, entre eles, as influências e diversidades culturais. Para exemplificar esse fato, no Brasil, logo após ter sido colonizado por Portugal, o português falado em nossas terras passou rapidamente a formar sua própria identidade. Em 1911, Portugal oficializou uma grafia, mas não houve consenso com a Academia Brasileira de Letras; a distância entre a duas versões aumentava ainda mais.
Somente em 1943, Brasil e Portugal firmaram o primeiro acordo, denominado Formulário Ortográfico, o qual unificou apenas 60% do vocabulário. Contudo, esse acordo não resistiu a um importante fenômeno do século 20: a Globalização.
Esse fenômeno gerou uma integração econômica, cultural, social e política entre todos os países do globo, algo tão inimaginável quanto inevitável. Com as relações internacionais intensificadas, duas versões de um mesmo idioma aumentou ainda mais a barreira que impedia a língua portuguesa de alcançar prestígio no novo cenário globalizado. Mesmo possuindo um número expressivo de falantes, aproximadamente 250 milhões, o idioma não é adotado pela ONU. A urgência em reverter esse quadro levou, então, a novas negociações.
O ensaio da grande reforma começou há mais de 20 anos, em 1986, mas foi em 1990 que suas bases foram realmente firmadas. Embora todos os países tenham assinado o protocolo que previa o acordo (menos Timor-Leste que não era nação independente, até 2004, quando também aderiu ao acordo), nenhum deles o ratificou. Somente em 2008 houve a confirmação, quando Brasil e Portugal finalmente validaram o acordo e instituíram datas para sua implantação.
O Brasil é o primeiro dos países a adotar a nova grafia. A partir de 1º de janeiro de 2009, as mudanças passaram a ser difundidas em diversos veículos de comunicação e documentos oficiais. A adaptação integral deverá ocorrer até 2012, sendo que até lá as duas grafias serão aceitas oficialmente. Um prazo maior será concedido a Portugal, até 2016, e as outras nações terão liberdade para planejar a inclusão da nova ortografia.
De qualquer forma, somente após 2016 os países lusófonos poderão realmente mensurar os benefícios da unificação.

E a Localização? Como fica?
O acordo facilita e consequentemente reduz custos mas não invalida a necessidade de localização para os diferentes países. A principal razão para isto reside no fato de a Localização ocupar-se de uma ampla gama de aspectos e não apenas da tradução, prevendo por exemplo a adaptação aos aspectos culturais de cada país e região. No caso da unificação da língua portuguesa, há ainda as diferenças semânticas, que não foram levadas em consideração na implementação do Acordo Ortográfico. Por exemplo, o termo mouse utilizado no Brasil – país mais aberto ao uso de estrangeirismos – é chamado de rato em Portugal. A tela do computador brasileiro é chamada de ecrã no computador português.
Outra diferença notável ocorre com os numerais: no português europeu e africano, mil milhões tornam-se um bilhão no Brasil. Outro exemplo refere-se ao significado das palavras. No Brasil, penso, da conjugação do verbo pensar, em Portugal significa curativo para ferimentos leves; já o prego brasileiro transforma-se num sanduíche em Portugal. São inúmeras as palavras de significados diferentes (conheça outras no quadro abaixo).
Apesar de essas diferenças já serem suficientes para justificar a afirmação de que a necessidade de localizar ainda persistirá, somam-se aí também as peculiaridades culturais pertinentes a cada país. Nesse sentido, pode-se traçar um paralelo com o inglês e sua distinção nos diversos países em que é oficial. Para obter o sucesso almejado ao inserir um produto ou serviço no Canadá ou nos EUA é necessário analisar cuidadosamente as diferenças culturais e linguísticas entre os dois países. O mesmo ocorre com o espanhol, idioma oficial de 21 países, alguns com culturas absolutamente distantes. Quanto ao Francês, ainda fica fácil imaginar por exemplo, o quanto este idioma pode ter sido afetado por culturas tão diferentes.
Embora países de economia inexpressiva ainda não estejam motivando grandes investimentos em localização, deve-se notar que como a própria globalização vem fortalecendo estas economias, é provável que dentro em breve esta realidade mude.
O Acordo Ortográfico trará muitos benefícios aos países lusófonos. Uma grafia unificada agiliza acordos comerciais internacionais, facilita a difusão cultural e a divulgação de informações, mas, deverá principalmente, popularizar a língua portuguesa como idioma forte. São mais de 250 milhões de falantes, sendo o 5º idioma mais falado do mundo, ficando atrás somente do inglês e do castelhano.
Com a reforma ortográfica, as empresas de Localização e seus clientes também serão beneficiados, em decorrência da agilidade na prestação dos serviços e da consequente redução de custos, mas o grande favorecido de toda essa história ainda será realmente o idioma que se verá inserido de uma forma cada vez melhor no mundo globalizado. As pontes estão abertas!